Este é um espaço de divulgação, discussão e reflexão acerca dos mais variados e distintos textos, verbais ou não. Afinal, a literatura e a língua estão expressas sob diversas formas, que nos conduzem ao conhecimento, inclusive de nós mesmos. Bem vindo!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Palavras Repetidas

O vídeo que você irá assirtir é sobre a música Palavras Repetidas de Gabriel, o pensador. 
O assunto principal do mesmo são os conflitos armados que ocorrem no mundo e também no Brasil e deixam infelizmente, muitos mortos. 
Observem também o intertexto bíblico que temos em seus versos, mostrando estes, a meu ver, que a solução para a guerra e o ódio, é o amor. E quando falo neste sentimento, não me refiro somente àquele devotado a nós por amigos e pessoas próximas, mas também ao cuidado que as autoridades deveriam ter conosco como cidadãos, no intuito de nos proteger. Entretanto, em vários momentos aquelas se mostram omissas a essa realidade.

            

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

...


"A leitura é uma fonte inesgotável de prazer mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede."

Carlos Drummond de Andrade

Para Maria da Graça

Essa crônica não é só para Maria da Graça. É para todos vocês, meus amigos,  e para aqueles que simpatizam com essa tipologia textual, e mais, procuram entender a realidade circundante, que se mostra algumas vezes incompreensível.  A autoria é de Paulo Mendes Campos.


Agora, que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou este livro: “Alice no País das Maravilhas”.
Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.
Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade.
A realidade, Maria, é louca.
Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice faz à gatinha: "Fala a verdade Dinah, já comeste um morcego?".
Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. "Quem sou eu no mundo?". Essa indagação perplexa é o lugar-comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.
A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: "Estou tão cansada de estar aqui sozinha!". O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada, e vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.
Somos todos tão bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo, e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.
Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave.
A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: "Oh, I beg your pardon!". Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para a tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto-de-vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: "Gostarias de gatos se fosses eu?".
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namorados todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: "A corrida terminou! Mas quem ganhou?". É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre aonde quiseres, ganhaste.
Disse o ratinho: "Minha história é longa e triste!". Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: "Minha vida daria um romance". Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance é só o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energicamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: "Minha vida daria um romance!". Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.
Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: "Devo estar diminuindo de novo". Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.
E escuta esta parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte. Ê isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e o grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom-humor.
Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: "Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas...".
Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.
 
("Elenco de Cronistas Modernos" - “O Colunista do Morro”)

A literatura de ontem refletida no hoje


Recentemente, postei aqui no blog considerações sobre importantes obras de Aluísio Azevedo para a formação do Naturalismo  no Brasil: O Mulato, Casa de Pensão e O Cortiço.  Em O Mulato, o romancista coloca o homem de cor como centro de uma sociedade escravocrata. Em Casa de Pensão, Amâncio vive restrito ao autoritarismo do pai desde a infância, e procura a liberdade na boemia do Rio de Janeiro. NO Cortiço, é a orquestração das massas o aspecto importante, a pintura do meio social coletivo, marcado por taras sexuais e animalescas do ser humano. Mas, qual seria o legado que Aluísio Azevedo (século XIX), teria deixado para os movimentos posteriores e a contemporaneidade?
A resposta são as questões sociais, personificadas em ambientes carregados de características sociais e psicológicas dos personagens, economicamente, próximos da miséria. 
Os mesmos são dominados por forças animalescas que influem nas características individuais do ser, tornando-o tipo na narrativa.
A obra de Aluísio Azevedo proporciona uma relação com produções surgidas no Modernismo, no qual a miséria e a pobreza são contempladas em obras de escritores renomados do século XX.
Na literatura contemporânea, o deslocamento do jovem do Norte para o Sul do Brasil, fato contemplado em Casa de Pensão, é metaforizado em seres almejantes de um novo ideal de vida e sobrevivência, resultando em ascensão social, em detrimento da marginalização anterior, fato mostrado em O Mulato.
Essa mesma ascensão se mostra em O Cortiço, por meio da luta de classes, do coletivo, objetivando a melhoria do status social e a conseqüente redução da marginalização da classe baixa.
Portanto, o maior legado de Aluísio Azevedo à ficção brasileira de costumes está no poder de fixar conjuntos humanos junto a uma literatura realista, caracterizada  nas minúcias textuais e descritivas.
Atualmente, consideramos para a produção na literatura contemporânea o Neo Realismo, ou seja, o Novo Realismo. Os escritores buscam, em sua maioria, o retrato do real, do objetivo, pintando ambientes em consonância com as características sociais e psicológicas da sociedade e do ser como sujeito dos fatos da vida.
Encontramos pistas textuais de tendência Realista/ Naturalista do século XIX, nas favelas atuais, na criminalidade, na corrupção brasileira, resultados da desigualdade e da ambição sobre o mais fraco ou menos favorecido economicamente.
Situações como essas nos remetem a um retrospecto na literatura que destacou Aluísio Azevedo entre o seleto grupo de ficcionistas da literatura brasileira. 

  

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011



O Bicho

Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa;
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.
                                                                                                                                Manuel Bandeira

Esse poema foi escrito em 1947. Passados 64 anos, será que hoje conseguimos fazer com que o ser humano não viva como bicho?   

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Canção que eu adoro...

Não somente a escrita tem o poder de nos passar ensinamentos importantes.  A música também cumpre muito bem o seu papel, nos leva à reflexão, nos fazendo sonhar, e adoçando a nossa realidade.
 Nos últimos tempos, estou ouvindo muitas e, pode parecer estranho, mas geralmente ouço uma canção que gosto até enjoar. É o caso desta do Milton Nascimento, chamada Quem sabe isso quer dizer amor.
Lembro-me que a primeira vez que a ouvi, foi em uma novela da Record chamada Metamorphoses, mas alguns anos depois, a mesma música foi também tema da novela Alma Gêmea. 
Agora, desejo dividí-la com vocês...


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Mais ou Menos

 
A gente pode morar 
numa casa mais ou menos,
numa rua mais ou menos,
numa cidade mais ou menos
e até ter um governo mais ou menos.

A gente pode dormir
numa cama mais ou menos,
comer um feijão mais ou menos,
ter um transporte mais ou menos
e até ser obrigado a acreditar
mais ou menos no futuro.

A gente pode olhar em volta e sentir
que tudo está mais ou menos,
tudo bem!

Mas o que a gente não pode mesmo,
nunca, de jeito nenhum:
É amar mais ou menos,
é sonhar mais ou menos,
é ser amigo mais ou menos,
é namorar mais ou menos,
é ter fé mais ou menos,
é acreditar mais ou menos.  
Senão a gente corre o risco de se tornar
uma pessoa mais ou menos.
Chico Xavier

 "A felicidade real começa em fazer a felicidade dos outros".
Chico Xavier

O Cortiço

                             
           Aluísio Azevedo consegue nesta obra, a maestria de pintar os grandes agrupamentos humanos. Estes são formados por  pessoas sem traço nenhum de grandeza que se permitem, pela força do meio, corromperem-se moralmente. 
           Considerado um romance de espaço, o romancista concede primazia à pintura do meio histórico e do ambiente social no qual decorre a intriga. 
           Relacionando o ambiente com as características sociais e psicológicas dos indivíduos que o habitam, o cortiço torna-se a justificativa para transformações comportamentais de pessoas como o trabalhador Jerônimo, que abandona a família para viver com a mulata Rita Baiana, que o conquista com o seu requebro de cobra amaldiçoada. 
            E também da jovem e virgem Pombinha, que se envolve com a prostituta Léonie. Além do português João Romão, que constrói o cortiço com material roubado dos lotes vizinhos e tem, na escrava Bertoleza, uma espécie de burro de carga. A negra trabalha para o seu homem, e ao final do enredo, prefere enfiar , nas entranhas, a faca  com a qual limpava os peixes para a janta de seu homem, a voltar a ser escrava de seu antigo senhor.
            Fechando o ciclo iniciado por Azevedo com O Mulato, percebemos que o romancista desce na escala social: primeiro, Raimundo, mulato, advogado, pertencente à burguesia. Em seguida, Amâncio, uma casa de cômodos, classe média, vizinha do proletariado; e finalmente, um cortiço, metaforizado na habitação coletiva, povoada de  seres marginalizados pela cor, a falta de dinheiro ou a desgraça.
             Essa descida na escala social ascende Aluísio Azevedo ao patamar de um dos maiores escritores naturalistas da nossa literatura.



quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Casa de Pensão

          Casa de Pensão é um romance escrito em 1884, por Aluísio Azevedo, ocorrendo naquele a concretização de dois espaços distintos e antagônicos, Maranhão e Rio de Janeiro, ligados pelo mesmo elo: o personagem Amâncio.
          No Maranhão, o referido personagem vive sob a vigília do pai, Vasconcelos, um astuto comerciante, e ainda sob o autoritarismo do mestre Antônio Pires, que batia nas crianças por um hábito de ofício.
        Esses episódios marcam a vida do personagem central, caracterizando sua castração como sujeito de opinião e de valores sociais. Amâncio não se identifica com aquele meio onde vive a infância pois, suas manifestações são cerceadas pelo pai e pelo professor, os dois seres que deveriam ser os modeladores do caráter de valor do mesmo.
          Logo, na Corte do Rio de Janeiro, Amâncio vivencia a liberdade não conquistada no espaço do Maranhão. Tem ainda como fator contribuinte os amigos, que o apresentam os prazeres da Corte e, a casa de pensão. Nesta, Amâncio convive com os tipos sociais sem caráter e desprovidos de pudor, com liberdade e sem vigilância familiar. Ali, o personagem não encontra os pudores maranhenses para o seu desenvolvimento como homem e demonstra, por conseguinte, as aspirações reprimidas na infância pelo pai, que o considerava efeminado.
          Assim, o meio proporciona o ideal de vida que o personagem almeja: a noite, as mulheres e os prazeres da bebida.  
          Aluísio Azevedo, nesta obra, mostra o caleidoscópio social de seres habitantes do mesmo teto que se emanam pelos mesmos desfribramentos, sujeitos às leis hereditárias, impulsionados pelo sexo e pelo dinheiro.
          A tese desenvolvida é a de que o meio vence o homem que ousa reagir contra as leis vigentes e o herói se submete à conjuntura social do espaço.
        Mais detalhes sobre este assunto na nossa próxima análise: O Cortiço.  

 Aguardem...


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Um pouco de Clarice...

                                                                 
Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. 
Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. 
Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho... o de mais nada fazer.

                                                                                                                                         Clarice Lispector

O Mulato


                                          
Todo autor literário amadurece no decorrer de sua caminhada, melhorando sua escrita, aprimorando conceitos iniciados em uma obra pioneira, ou se destacando pelo melhoramento de um conceito defendido em uma ideia original sobre um assunto que desperte sua atenção.
Esses fatos ocorreram com Aluísio Azevedo, que inspirado pelas teorias científicas e filosóficas de sua época, oriundas de uma estética literária vigente, criou obras consideradas referências para o Naturalismo brasileiro.
Iniciando com O Mulato, em 1881, Aluísio desejava mostrar a situação social da província do Maranhão, escravocrata, e a reação da mesma ao ver refletida sua conduta frente a um mulato de olhos azuis e advogado. É neste contexto que surge a história de Raimundo. 
Na obra, destacamos a sórdida situação de uma província preconceituosa, que tinha no comércio de escravos sua principal fonte de renda.
Aluísio inverte esse papel colocando o homem de descendência negra, com um alto cargo na sociedade, e por isso, despertando o ódio da beata Bárbara, do falso padre Diogo, além da indignação da sociedade maranhense, que olha estupefata o mulato elitizado a passear pelas ruas da cidade.
Além disto, consideremos ainda os fortes resquícios românticos da obra supracitada, haja vista que a mesma iniciou o Naturalismo no Brasil, sucedendo o Romantismo, mas deixando marcas deste estilo nas linhas do enredo. Alguns deles são a idealização do personagem central, mulato, advogado, filho de escrava e de olhos azuis; o relacionamento amoroso de Raimundo e Ana Rosa, que nos lembra as inesquecíveis histórias românticas e os contos heróicos retratando algo nunca vivido na realidade.
Mas para não fugir do padrão estético e temático da escola da qual participa com maestria, Aluísio Azevedo mata o protagonista, e a moça apaixonada se casa com o homem que lhe despertava o ódio desde o início do enredo: o caixeiro José Dias. Além do triunfo do mal, haja vista que o padre assassino do protagonista é nomeado Cônego da igreja católica. 
Muito mais poderia ser dito, mas fica a dica de leitura desta obra tão importante para a literatura brasileira. 
Para entendermos melhor o amadurecimento literário do escritor, aguardemos o próximo post sobre uma outra obra: Casa de Pensão.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A Felicidade pode Demorar.


                                               
Às vezes as pessoas que amamos nos magoam, e nada podemos fazer senão continuar nossa jornada com nosso coração machucado.
Às vezes nos falta esperança.
Às vezes o amor nos machuca profundamente, e vamos nos recuperando muito lentamente dessa ferida dolorosa.
Às vezes perdemos nossa fé, então descobrimos que precisamos acreditar, tanto quanto precisamos respirar... é nossa razão de existir.
Às vezes estamos sem rumo, mas alguém entra em nossa vida, e se torna o nosso destino.
Às vezes estamos no meio de centenas de pessoas, e a solidão aperta nosso coração pela falta de uma única pessoa.
Às vezes a dor nos faz chorar, nos faz sofrer, nos faz querer parar de viver, até que algo toque nosso coração, algo simples como a beleza de um por do sol, a magnitude de uma noite estrelada, a simplicidade de uma brisa batendo em nosso rosto, é a força da natureza nos chamando para a vida.
Você descobre que as pessoas que pareciam ser sinceras e receberam sua confiança, te traíram sem qualquer piedade.
Você entende que o que para você era amizade, para outros era apenas conveniência, oportunismo.
Você descobre que “algumas” pessoas nunca disseram “eu te amo, e por isso nunca fizeram amor, apenas ”transaram “... descobre também que outras disseram "eu te amo” uma única vez e agora temem dizer novamente, e com razão, mas se o seu sentimento for sincero poderá ajudá-los a reconstruir um coração quebrado.
Assim ao conhecer alguém, preste atenção no caminho que essa pessoa percorreu, são fatores importantes...
Não deixe de acreditar no amor, mas certifique se de estar entregando seu coração para alguém que dê valor aos mesmos sentimentos que você dá, manifeste suas idéias e planos para saber se vocês combinam, e certifique-se de que quando estão juntos, aquele abraço vale mais que qualquer palavra...
Esteja aberto a algumas alterações, mas jamais abra mão de tudo, pois se essa pessoa te deixar, então nada irá restar.
Aproveite sua família que é uma grande felicidade, quando menos esperamos iniciam-se períodos difíceis em nossas vidas.
Tenha sempre em mente que às vezes tentar salvar um relacionamento, manter um grande amor, pode ter um preço muito alto se esse sentimento não for recíproco, pois em algum outro momento essa pessoa irá te deixar e seu sofrimento será ainda mais intenso, do que teria sido no passado.
Pode ser difícil fazer algumas escolhas, mas muitas vezes isso é necessário, existe uma diferença muito grande entre conhecer o caminho e percorrê-lo.
Não procure querer conhecer seu futuro antes da hora, nem exagere em seu sofrimento, esperar é dar uma chance a vida para que ela coloque a pessoa certa em seu caminho.
“A tristeza pode ser intensa, mas jamais será eterna”.
“A felicidade pode demorar a chegar, mas o importante é, que ela venha para ficar e não esteja apenas de passagem...”. 

Luiz Fernando Veríssimo 

Aluísio Azevedo: Uma paixão.


Uma das maiores alegrias que tive nos anos de faculdade foi conhecer um pouco sobre a obra de Aluísio Azevedo. 
Ao ler O Cortiço, um de seus romances mais conhecidos, percebi que desejava seguir o caminho da literatura. E assim nasceu o desejo de monografar três romances escritos  por ele e estudar o amadurecimento literário do mesmo.
Um paralelo entre O Mulato, Casa de Pensão e O Cortiço, resultou em um trabalho de conclusão de curso importante como fonte de pesquisa e ensino de Literatura Brasileira. Assim, durante alguns dias, desejo publicar informações que considero enriquecedoras para os amantes da literatura sobre o legado de Aluísio Azevedo, as obras supracitadas e a importância da leitura destas obras para o enriquecimento literário das pessoas que o lêem.
Aguardem...  

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Cecília Meireles

Inauguro este blog com um poema da Neossimbolista Cecília Meireles. Incrível!
                                              


Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.