Este é um espaço de divulgação, discussão e reflexão acerca dos mais variados e distintos textos, verbais ou não. Afinal, a literatura e a língua estão expressas sob diversas formas, que nos conduzem ao conhecimento, inclusive de nós mesmos. Bem vindo!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Mulato


                                          
Todo autor literário amadurece no decorrer de sua caminhada, melhorando sua escrita, aprimorando conceitos iniciados em uma obra pioneira, ou se destacando pelo melhoramento de um conceito defendido em uma ideia original sobre um assunto que desperte sua atenção.
Esses fatos ocorreram com Aluísio Azevedo, que inspirado pelas teorias científicas e filosóficas de sua época, oriundas de uma estética literária vigente, criou obras consideradas referências para o Naturalismo brasileiro.
Iniciando com O Mulato, em 1881, Aluísio desejava mostrar a situação social da província do Maranhão, escravocrata, e a reação da mesma ao ver refletida sua conduta frente a um mulato de olhos azuis e advogado. É neste contexto que surge a história de Raimundo. 
Na obra, destacamos a sórdida situação de uma província preconceituosa, que tinha no comércio de escravos sua principal fonte de renda.
Aluísio inverte esse papel colocando o homem de descendência negra, com um alto cargo na sociedade, e por isso, despertando o ódio da beata Bárbara, do falso padre Diogo, além da indignação da sociedade maranhense, que olha estupefata o mulato elitizado a passear pelas ruas da cidade.
Além disto, consideremos ainda os fortes resquícios românticos da obra supracitada, haja vista que a mesma iniciou o Naturalismo no Brasil, sucedendo o Romantismo, mas deixando marcas deste estilo nas linhas do enredo. Alguns deles são a idealização do personagem central, mulato, advogado, filho de escrava e de olhos azuis; o relacionamento amoroso de Raimundo e Ana Rosa, que nos lembra as inesquecíveis histórias românticas e os contos heróicos retratando algo nunca vivido na realidade.
Mas para não fugir do padrão estético e temático da escola da qual participa com maestria, Aluísio Azevedo mata o protagonista, e a moça apaixonada se casa com o homem que lhe despertava o ódio desde o início do enredo: o caixeiro José Dias. Além do triunfo do mal, haja vista que o padre assassino do protagonista é nomeado Cônego da igreja católica. 
Muito mais poderia ser dito, mas fica a dica de leitura desta obra tão importante para a literatura brasileira. 
Para entendermos melhor o amadurecimento literário do escritor, aguardemos o próximo post sobre uma outra obra: Casa de Pensão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Grato pela participação!